O que motiva estudantes superdotados a aprender?

Um dos últimos trabalhos que fizemos em Maringá foi uma oficina do genius e encerrar o ciclo por lá com uma sessão do nosso amado projeto voluntário foi significativo e gratificante.

Em uma sala de recursos, recebemos 13 jovens com altas habilidades/superdotação para conversar sobre o que elas/es pensam e sentem sobre a educação.

Entre os desafios que propusemos para cada construção, queremos destacar o que surgiu através da pergunta “o que te motiva a continuar aprendendo?”. Algumas respostas falavam sobre ter uma vida melhor e outras sobre os desafios enfrentados por pessoas superdotadas no ambiente escolar. Relatos como: “pressão interna por desempenho”, ”o que me motiva : loucura. Quando chego: me olhando como se eu fosse uma pessoa anormal” e “aparentemente sou um monstro”, demonstram como pode ser difícil ser uma pessoa com ah/sd na escola e como isso pode servir de combustível para aprender ou como fator de desmotivação, mascaramento de habilidades, bullying, depressão e evasão escolar.

Infelizmente, o ambiente escolar ainda não está preparado para lidar com estudantes superdotadas/os e acolher as suas singularidades. Ainda que esses/as alunas/os se sintam vistas/os e estimuladas/os na sala de recursos, há uma grande deficiência nas salas de aula regulares, onde essa/e jovem passa a maior parte do tempo. Isso se deve ao despreparo da equipe escolar e aos mitos e esteriótipos que estão fortemente enraizados nas pessoas que lidam com essas/es jovens diariamente.

Em nossas oficinas do genius, criamos um ambiente seguro para que as/os estudantes compartilhem seus sentimentos e pensamentos de maneira autêntica e sejam ouvidos e acolhidos. A cada encontro, suas histórias nos alertam para a urgência de mudanças nas instituições de ensino. Acreditamos que a escuta verdadeira é um gesto acessível a toda a comunidade escolar e tem o poder de transformar a escola em um espaço mais humano e inclusivo.

Foto: Isa Stresser